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Mostra rende homenagem ao cineasta responsável por A Bela e a Fera

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Mostra ‘Jean Cocteau: O Testamento de um Poeta’ rende homenagem a um dos cineastas mais importantes da história da sétima arte, além da exibição de seis filmes assinados por Cocteau como diretor e outros dois nos quais contribuiu como roteirista, serão apresentados títulos inspirados na obra do artista. O evento ocorrerá no Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, de 1º a 26 de março.

Em O testamento de Orfeu, o diretor protagoniza o próprio filme e se desnuda como o verdadeiro poeta que era

Na lista de apresentação constam dez produções influenciadas pelo cinema de Cocteau  e ainda dois documentários sobre o cineasta , além do clássico Zero em Comportamento, de Jean Vigo, outro expoente do cinema surrealista francês da década de 1930.

Grande entusiasta da renovação estética proposta pela Nouvelle Vague, Jean Cocteau também foi o patrono do Letrismo de Isidore Isou e Maurice Lemaître, que pretendia a desconstrução radical da poesia e do cinema. Mesmo a Disney se rendeu a Cocteau: as semelhanças entre a animação “A Bela e a Fera” com a versão de 1946, dirigida por ele, são notáveis.

A fera foi vivida por Jean Marais, companheiro do cineasta
Vida e obra: um olhar sobre Jean Cocteau

Jean Cocteau nasceu em Maisons-Laffitte, em 5 de julho de 1889. Poeta, dramaturgo, libretista, fotógrafo, pintor, gravurista, desenhista e cineasta, talvez tenha sido um dos artistas mais completos do século XX. Começou no cinema com “O Sangue de Um Poeta”, primeira parte da “Trilogia de Orfeu” – que compreende ainda “Orfeu” e “O Testamento de Orfeu” –, verdadeira declaração de princípios do autor em relação ao novo meio que experimentava.

Com Jean Marais, seu companheiro, Cocteau filmou, além de Orfeu, “A Bela e a Fera” e “O Pecado Original”. Colaborou com Robert Bresson em “As Damas do Bois de Boulogne” e com Jean-Pierre Melville em “Les Enfants Terribles”, bem como cedeu, de graça, os direitos de sua peça “O Belo Indiferente” para que Jacques Demy realizasse seu primeiro curta-metragem de ficção.

Cocteau foi patrono dos Letristas e grande entusiasta da Nouvelle Vague, movimentos antagônicos entre si. Ídolo de Isidore Isou, premiou o polêmico “Traité de Bave et D’Eternité” no Festival de Cannes de 1951 como melhor filme experimental. Também esteve no júri que concedeu o troféu de melhor direção a François Truffaut por “Os Incompreendidos”, o qual, com o dinheiro da premiação, financiou “O Testamento de Orfeu”.

Programação
Filmes dirigidos por Cocteau

Sangue de Um Poeta (Le sang d’un poete, 1930, 55 min)
Diretor: Jean Cocteau
Elenco: Enrique Rivero, Elizabeth Lee Miller, Pauline Carton.
Sinopse: Um Jovem artista desenha um rosto numa tela. De repente, a boca no desenho ganha vida e começa a falar. O artista tenta se livrar dela com sua mão, mas quando ele olha para sua mão, encontra a boca viva em sua palma. A estátua ganha vida e diz que a única saída do estúdio é através do espelho. O artista pula dentro do espelho e chega ao Hotel de Loucuras Dramáticas. Le olha pelos buracos das fechaduras de diversos quartos. No último quarto, ele vê o encontro desesperado de hermafroditas. De volta ao estúdio, o artista destrói a estátua com um martelo. Por causa disso, ele mesmo se torna uma estátua, localizada ao lado da praça. Alguns estudantes começam uma guerra de bolas de neve ao redor da estátua. Um dos garotos é morto por uma bola de neve. Um casal joga cartas em uma mesa ao lado do cadáver…

A Bela e a Fera (La belle et la bête, 1946, 96 min)
Diretor: Jean Cocteau, René Clément
Elenco: Jean Marais, Josette Day, Mila Parély.
Sinopse: Uma bela Jovem toma o lugar de seu pai como prisioneira de uma fera misteriosa, que deseja se casar com ela.

Águia de Duas Cabeças (L’aigle à deux têtes, 1948, 93 min)
Director: Jean Cocteau
Elenco: Edwige Feuillère, Silvia Monfort, Jean Marais.
Sinopse: A rainha está reclusa, escondendo o rosto sob um véu por dez anos desde o assassinato do marido, desejando se juntar a ele na morte. Stanislas, um poeta cujo pseudônimo é Azrael, é um anarquista. Ele entra no quarto da rainha com a intenção de matá-la e depois se suicidar, mas eles se apaixonam, em parte porque ele se parece com o rei. Stanislas quer que ela ganhe novamente poder político aparecendo em público, enquanto ela tenta convencê-lo a fugirem.

O Pecado Original (Les parents terrible, 1948, 105 min)
Director: Jean Cocteau
Elenco: Jean Marais, Josette Day, Yvonne de Bray.
Sinopse: Quando Michel, que tem 22 anos, conta a seus pais que está apaixonado, sua mãe Yvonne se desespera, pois acredita que o perderá (ele é o centro de sua vida) e seu pai Georges se angustia porque é sua amante, Madeleine, que seu filho ama. Yvonne e Georges dependem financeira e emocionalmente da tia solteira de Michel, Léo, que esteve noiva de Georges, mas abriu mão dele para a irmã. Léo resolve ajudá-los a separar Michel e Madeleine, mas muda de idéia e decide unir os amantes novamente.

Orfeu (Orphée, 1950, 95 min)
Diretor: Jean Cocteau
Stars: Jean Marais, François Périer, María Casares.
Sinopse: Orfeu é um poeta que se torna obcecado com a Morte (a Princesa). Eles se apaixonam. A esposa de Orfeu, Eurídice, é assassinada pelo capanga da Princesa, e Orfeu vai atrás dela no Mundo dos Mortos. Embora eles tenham ficado perigosamente envolvidos, a Princesa manda Orfeu de volta, para prosseguir com sua vida ao lado de Eurídice.

O Testamento de Orfeu (Le testament d’Orphée, ou ne me demandez pas pourquoi!, 1960, 77 min)
Diretor: Jean Cocteau
Elenco: Jean Cocteau, Françoise Arnoul, Claudine Auger.
Sinopse: O Poeta olha para sua vida e sua obra, relembrando suas inspirações e obsessões.

Obras inspiradas no trabalho de Cocteau

O Amor (L’amore, 1948, 69 min)
Diretor: Roberto Rossellini
Elenco: Anna Magnani, Federico Fellini, Peparuolo.
Sinopse: No primeiro episódio, uma mulher com o coração partido fala com seu ex-amante no telefone. No segundo. Uma mulher acredita que está grávida do filho de São José.

Les Enfants Terribles (1950, 105 min)
Director: Jean-Pierre Melville
Elenco: Nicole Stéphane, Edouard Dermithe, Renée Cosima.
Sinopse: Em um combate de bolas de neve, o belo Dargelos acerta o peito de Paul, que cai no chão inconsciente. Paul tem um afeto profundo por Dargelos, e nega que havia uma pedra na bola de neve que o acertou. Quando volta para casa, a irmã de Paul, Elisabeth, cuida dele. Os irmãos adolescentes vivem juntos em um quarto, onde desenvolveram vários jogos privados com fortes tons eróticos. Gérad, amigo de escola de Paul, está secretamente apaixonado por Elisabeth, e sempre está com eles. Quando Elisabeth apresenta sua nova amiga Agathe para Paul, ele reconhece que ela se parece com Dargelos, e imediatamente se apaixona por ela. Elisabeth se casa com um rico judeu americano, Michael, que morre em um acidente de carro no dia seguinte ao casamento. Elisabeth herda o grande apartamento com 18 quartos e uma galeria, e os quatro amigos se mudam para lá. Paul dorme na galeria, onde constrói uma réplica do velho quarto dos irmãos. Paul e Agathe estão apaixonados um pelo outro…

O Belo Indiferente (Le bel indifferent, 1957, 29 min)
Diretor: Jacques Demy
Elenco: Jeanne Allard, Angelo Bellini, Jacques Demy.
Sinopse: Num pequeno quarto de hotel, uma mulher espera e telefona para um bar a saber notícias do seu amante Emile. Ele entra, deita-se na cama e abre o jornal. Ela repreende-o. Ela monologa, ameaça, suplica, furiosa ou submissa. Ele dorme e depois sai, sem uma palavra.

Contribuições artísticas de Cocteau como roteirista

As Damas do Bois de Boulogne (Les dames du Bois de Boulogne, 1945, 86 min)
Diretor: Robert Bresson
Elenco: Paul Bernard, María Casares, Elina Labourdette.
Sinopse: Uma dama da sociedade planeja o casamento entre seu amante e uma dançarina de cabaré, que é essencialmente uma prostituta.

Cineastas influenciados por Cocteau

The Hearts of Age (1934, 8 min)
Diretor: William Vance, Orson Welles
Elenco: Orson Welles, Virginia Nicholson, William Vance.
Sinopse: Uma cena nos Estados Unidos colonial. Uma velha senhora se senta ao lado de sino enquanto um homem em blackface, com peruca, toca o badalo. Da porta de cima emerge um homem velho, vestido como um dândi, que tira seu chapéu para a mulher enquanto desce as escadas. Outros saem da mesma porta e descem a mesma escada: um maltrapilho, um policial e, diversas vezes, o mesmo dândi. O homem em blackface se enforca; o dândi continua a sorrir. Um sino toca, um túmulo se abre. Na escuridão, o dândi toca o piano. Ele é a Morte?

Traité de Bave et D’eternité (1951, 123 min)
Diretor e elenco: Isidore Isou
Sinopse: Isidore Isou, líder do movimento Letrista, ataca os filmes convencionais e oferece uma forma inovadora de fazer cinema através de arranhões na película, da falta de sincronia entre som e imagem, da desconstrução do roteiro. Ele tem como objetivo renovar a sétima arte da mesma maneira que tentou revolucionar o mundo literário.

Hiroshima, Meu Amor (Hiroshima, Mon Amour, 1959, 90 min)
Diretor: Alain Resnais
Elenco: Bernard Fresson, Stella Dassas, Emmanuelle Riva, Eiji Okada.
Sinopse: Hiroshima, 1959. Uma atriz francesa casada veio de Paris para trabalhar num filme sobre a paz. Ela tem um affair com um arquiteto japonês também casado, cuja esposa está viajando. Nos dois dias que passam juntos várias lembranças vêem à tona enquanto esperam, de forma aflita, a hora da partida dela. Ela conta que foi “tosquiada”, pois se apaixonou por um alemão quando tinha apenas 18 anos e morava em Nevers, sendo libertada no dia em que seu amor foi morto, já no final da 2ª Guerra Mundial. Por ter amado um inimigo ela foi aprisionada por sua família numa fria e escura adega e agora, 14 anos depois, novamente sente o gosto de viver um amor quase impossível.

Os Incompreendidos (Les quatre cents coups, 1959, 99 min)
Diretor: François Truffaut
Elenco: Jean-Pierre Léaud, Albert Rémy, Claire Maurier.
Sinopse: História intensamente tocante sobre adolescente incompreendido que, deixado sem atenção, entra para a vida de pequenos crimes.

O Ano Passado em Marienbad (L’année dernière à Marienbad, 1961, 94 min)
Diretor: Alain Resnais
Elenco: Delphine Seyrig, Giorgio Albertazzi, Sacha Pitoëff.
Sinopse: Em um castelo, a ambígua história de um homem e uma mulher que podem, ou não, ter se encontrado ano passado em Marienbad.

Os Guarda-Chuvas do Amor (Les Parapluies de Cherbourg, 1964, 91 min)
Diretor: Jacques Demy
Elenco: Catherine Deneuve, Nino Castelnuovo, Marc Michel
Sinopse: Cherbourg, 1957. Guy Foucher é um jovem de 20 anos que foi criado pela madrinha e trabalha como mecânico de carros. Ele é apaixonado por Geneviève Emery, uma adolescente de 17 anos que ajuda sua mãe viúva no negócio da família, uma loja de guarda-chuvas elegante, mas pouco lucrativa. Geneviève também o ama, mas sua mãe acha que ela é muito nova para casar e não vê como Guy pode manter uma família. Ele é convocado para o serviço militar e ela descobre estar grávida. Surge o dilema: esperar o retorno do amado ou seguir adiante?

Duas Garotas Românticas (Les Demoiselles de Rochefort, 1967, 120 min)
Diretor: Jacques Demy
Elenco: Catherine Deneuve, Fraçoise Dorleac, Danielle darrieux, Jacques Perrin, Michel Piccoli, Gene Kelly.
Sinopse: Delphine e Solange são duas irmãs de 25 anos que vivem em Rochefort, na França. Delphine é professora de dança, enquanto Solange ensina piano. Ambas sonham em encontrar um grande amor, assim como os rapazes que chegam à cidade e passam a frequentar o bar da família.

Pele de Asno (Peau d’âne, 1970, 91 min)
Diretor: Jacques Demy
Elenco: Catherine Deneuve, Jean Marais, Jacques Perrin.
Sinopse: Uma fada-madrinha ajuda a princesa a se disfarçar para que não tenha que se casar com o homem que não ama.

Parking (1985, 95 min)
Diretor: Jacques Demy
Elenco: Francis Huster, Laurent Malet, Keiko Itô.
Sinopse: Atualização da história de Orfeu e Eurídice.

Vocês Ainda Não Viram Nada! (Vous n’avez encore rien vu, 2012, 115 min)
Diretor: Alain Resnais
Elenco: Mathieu Amalric, Pierre Arditi, Sabine Azéma.
Sinopse: Do túmulo, celebrado dramaturgo Antoine d’Anthac reúne todos os amigos que apareceram durante os anos em sua peça “Eurídice”. Esses atores assistem a gravação da peça, feita pela jovem companhia, La Compagnie de la Colombe.Amor, vida, morte e amor depois da morte ainda têm lugar no palco? Cabe a eles decidirem. E as surpresas apenas começaram.

Zero em Comportamento (Zéro de Conduite, Jeus Diables au Collège, 1933, 44 min)
Diretor: Jean Vigo
Elenco: Louis de Gonzague, Raphaël Diligent, Jean Dasté.
Sinopse: Um grupo de quatro meninos se rebela contra o sistema repressivo e as rígidas regras de um colégio interno francês em um dia festivo. Um verdadeiro ato de rebelião é instaurado na escola, e ganha ares de surrealidade, resultado das leituras libertárias da infância. Os quatro diabinhos (subtítulo do filme: Diabinhos na Escola) acabam sendo bem sucedidos na rebelião e depois triunfam em um telhado, parecendo prontos a alçar vôo.

Documentários

Jean Cocteau Autorretrato de Um Desconhecido (Jean Cocteau Autoportrait D’un Inconnu, 1985, 68 min)
Direção: Edgardo Cozarinsky
Sinopse: A trama desse filme é dada pela voz e pela mão do poeta que ata e desata seu traço para passar da escrita ao desenho

Cocteau e Companhia (Cocteau et Compagnie, 2003, 52 min)
Direção: Jean-Paul Fargier
Sinopse: Jean Cocteau desenha diante da câmera e vemos evoluir a linha, definitivamente, à maneira de um músico de jazz, ou mesmo como a escrita em ação. Esta linha que se expande constitui a figura central do filme, que traça um retrato original e erudito do artista, mostrando as interações constantes e a essência de uma pesquisa extensa e eclética.

Serviço:

“JEAN COCTEAU: O TESTAMENTO DE UM POETA”

Patrocínio: Banco do Brasil
de 01 até 26 de março de 2017

Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB – Cinema

Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia entrada)
Classificação indicativa: Livre / Informações: 11 3113-3651

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