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Comédia romântica investe em diálogos arrojados, mas opta por escolhas estéticas questionáveis

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Amor em Trânsito acerta ao desenvolver um roteiro com diálogos arrojados, personagens autênticos e história coerente, mas peca pelo uso excessivo de reiterações e escolhas estéticas que não chegam a comprometer a narrativa, mas incomodam. O longa propõe um olhar sobre os relacionamentos humanos que podem se desenvolver em ambientes de passagem.
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Distribuição/Vanguard Cinema
Em Buenos Aires, Mercedes (Sabrina Garciarena) se prepara para voltar à Espanha para encontrar o namorado, mas se envolve com Ariel (Lucas Crespi). Em contrapartida, Juan (Damián Caducci) retorna à Argentina para encontrar a namorada, mas se depara com Micaela (Verónica Pelaccini). A história de amor dos quatro parece estar mais ligada do que se imagina.

O roteiro trabalha de forma bem-sucedida o acaso e investe em uma sucessão de descobertas para os corações apaixonados. Apesar das relações amorosas serem interpretadas como um jogo, os personagens são sinceros e não há espaço para blefe. Em uma das cenas, Micaela aponta o seu par como demasiado formal e lento, mas não poupa críticas ao se descrever como meio preguiçosa e meio boa amante.
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Micaela e Juan durante encontro revelador – Distribuição/Vanguard Cinema

Mas as características positivas do roteiro se perdem na parte técnica, o uso contínuo da câmera ‘nervosa’, por exemplo, causa desconforto, o que no decorrer da narrativa é até deixado de lado, mas não esquecido. O uso da imagem de uma espécie de tabuleiro de jogo para determinar o passo e o status amoroso dos apaixonados é algo cansativo, o que de certa forma desfavorece a ideia de um roteiro inventivo e quebra o ritmo de uma trama que tende a ser lenta.

 Melodramático com muito orgulho
 Apesar de ser vendida como uma comédia romântica, a produção tende para o romance com fortes acentos melodramáticos, o diretor Lucas Blanco bebe na fonte de grandes nomes do gênero.

Em determinadas cenas são mostradas imagens dos personagens próximos a grades ou refletidas nos vidros, o que evidencia a ideia de clausura e solidão, e parece buscar inspiração nas obras do cineasta Douglas Sirk. Outro aspecto marcante é o uso do cancioneiro popular, o que é uma característica comum às obras de Pedro Almodóvar.

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