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Ninfomaníaca: sexo, cinismo, drama e uma boa dose de senso de humor

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Dirigido pelo dinamarquês Lars Von Trier, Ninfomaníaca (Nimphomaniac) exibe cenas de sexo explícito diluídas em meio a reflexões sobre as relações humanas e sua forma de lidar com a sexualidade. Tudo isso sob uma perspectiva dramática e intelectualizada, por vezes cínica e perversa, mas ainda assim tomada por um senso de humor mordaz.
Imagem/California Filmes

O longa propõe uma análise sobre o desenvolvimento sexual a partir das experiências vividas por Joe (Charlotte Gainsbourg) desde a ingenuidade juvenil até a idade adulta repleta de parceiros. Neste sentido, Lars Von Trier evita qualquer tipo de glamourização ou sequer resvala no típico julgamento moral, este que é incorporado pela própria personagem em momentos de culpa; mas logo rebatidos pelo gentil Seligman (Stellan Skarsgard) com quem ela trava o diálogo que amarra a trama.

Entre uma xícara e outra, uma história de vida e vários parceiros – Imagem/California Filmes

Uma conversa permeada pela discussão sobre o sexo tanto em uma perspectiva religiosa quanto social. Neste primeiro volume, a jovem Joe, vivida por Stacy Martin é o foco e protagoniza uma série de situações explícitas. A atriz novata encara momentos ‘intensos’, livres de qualquer pudor, inclusive com o ator hollywoodiano Shia LaBeouf.

Essa busca pela veracidade lembra a história do diretor e o seu ideal de realidade propagado pelo Dogma 95, neste caso na ênfase dada ao ato sexual. Algo que não se aplica a filmagem ou a montagem que vez por outra bebe na fonte da cinematografia experimental, com a exibição de imagens em tom lúdico que destoam do ideal da narrativa tradicional ou mesmo pela oscilação brusca de som nos minutos iniciais.

Mesmo com todo destaque dado ao pornográfico, são as situações, os personagens e o contexto que aguçam a curiosidade e o interesse do expectador. Desde a terrível primeira experiência da personagem, passando por práticas corriqueiras, até o passo em que a demanda por parceiros sexuais torna-se algo constrangedor e proporciona sequências tétricas ou simplesmente irreverentes.

Mrs. H (a esposa), o marido e Joe – Imagem/California Filmes

Como a impagável situação protagonizada pela experiente Uma Thurman na pele da esposa traída, momento em que o cinismo assume outro patamar e torna-se cômico. Deste modo, o diretor (e também roteirista) consegue algo que parecia impossível na sua trajetória, ainda mais após a suatrágica comédia O Grande Chefe (2006), ele provoca risos.

Ninfomaníaca tem a assinatura de Lars Von Trier e como a sua obra costuma ser; é provocante, polêmica, e neste caso, acerta na dosagem entre cinismo, drama e humor. E claro, o sexo explícito aguça a curiosidade de um público ávido por pornografia, mas logo eles percebem que há algo além de uma sucessão de ‘trepadas’.

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