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Ilusões Perdidas: clássico de Balzac sob a ótica de Xavier Giannoli

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Estrelado por Benjamin Voisin e sob a direção de Xavier Giannoli, ‘Ilusões Perdidas’ exibe um retrato da sociedade francesa do século 19, esta marcada pela cultura das aparências. Adaptação do livro homônimo, escrito por Honoré de Balzac, o longa exibe uma bela fotografia e, adota, por vezes, uma atmosfera onírica. Mas, sem abdicar das reflexões atemporais feitas pelo autor do clássico.

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Os atores Benjamin Voisin e Vincent Lacoste em cena – Imagem/California Filmes

Na trama, o trabalhador Lucien busca por um forma de viver da escrita, ele é poeta. Em meio a isso, o rapaz se encanta por Louise de Bagerton, uma nobre apreciadora das artes. Porém, Louise é casada, mas, ainda assim, oferece uma oportunidade para que o jovem conheça Paris. Na cidade luz, o rapaz viverá tanto a glória quanto a tragédia, ambos de modo apoteótico.

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A atriz Cécile de France interpreta Louise de Bagerton – Imagem/California Filmes

Forma: literatura adaptada

Gianolli exibe uma narrativa bastante atenta a descrição de cenários marcantes, inclusive, com o apoio de um narrador. Apesar de ser um romance, a publicação de Balzac é também um documento histórico do período retratado.

Portanto, deste modo, o filme também oferece informações curiosas sobre o jornalismo e a publicidade, com direito à criticas ferrenhas. Em meio a isso, propõe a reflexão sobre tantos outros aspectos inerentes a uma sociedade pautada pelas aparências. Isto tudo alinhado ao crescimento do liberalismo econômico.

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Xavier Giannoli em ação no set de filmagem – Imagem/California Filmes

Em meio a este contexto rico, o cineasta desenvolve a história do novato Lucien. Neste trajeto, a direção de fotografia é marcante e nota-se um cuidado em ressaltar os momentos de euforia ou de extrema solidão do personagem através dos enquadramentos e movimentos de câmera. Assim sendo, constrói-se a sensação de que o protagonista estaria imerso em um sonho, ou seria um pesadelo?

Portanto, o aspecto suntuoso e belo dos espaços dedicados aos espetáculos teatrais, por exemplo, soam como quimeras produzidas em um ambiente feroz, no qual o jogo de interesses impera.

No papel principal, Daniel Voisin é expressivo e convence em todas as fases do personagem. Aliás, o ator já havia encarnado uma figura controversa no longa Verão de 85, do diretor François Ozon. Mas, nesta nova obra, as lentes estão ainda mais voltadas para ele.

Atemporal, a obra de Balzac proporciona questionamentos, por vezes, ácidos, porém contundentes. Com duração de 2h29, o filme de Giannoli promove reflexões ricas e rende diálogos irreverentes. Mas, além disso, o roteiro é  bem amarrado. Como se o começo fosse o fim e também o início da jornada de um homem talentoso que provou o sabor do ‘estrelato’ e, neste percurso, teve as ilusões perdidas. Vale a pena conferir!

 

 

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