Menu fechado

Verão de 85: o primeiro amor sob a perspectiva de Ozon

Compartilhe

Como o próprio título indica, Verão de 85 é ambientado na década de 1980, período no qual um jovem se vê diante do primeiro amor. Isso acompanhado por uma trilha musical contagiante e belas paisagens como cenário. Porém, nem tudo são maravilhas e o trágico se faz presente. O diretor François Ozon opta por deixar isso claro logo de início.

verao_de_85
Imagem/California Filmes

O longa exibe uma série de características que poderiam remeter ao filme Me Chame pelo seu nome, de Luca Guadagnino. No entanto, são obras distintas e tanto a história, quanto os personagens ou mesmo a forma adotada por François Ozon se diferenciam do antecessor.

Verão de 85  traz Alexis como um narrador personagem, responsável por guiar o espectador. Neste ínterim, Ozon opta pelas idas e vindas no tempo ao longo da trama, como memórias trazidas à tona. O que, a princípio, poderia significar uma quebra no ritmo. Todavia, isso é bem administrado e, no decorrer da narrativa, a proposta logo é compreendida e absorvida por quem assiste.

Ao retornar ao passado, o público irá se deparar com cenas repletas de dinamismo e outras de puro romantismo entre Alexis e David, algo retratado com delicadeza. Portanto, Ozon adota um tom mais afável que o de costume, mesmo em meio a situação caótica. Porém, sem abdicar do olhar crítico.

Amor renegado

Se o amor entre os rapazes se dá sem maiores conflitos internos quanto à homossexualidade, o mesmo não se dá sob o olhar da sociedade. Assim sendo, em determinadas sequências, o cineasta evidencia a recorrente prática de deslegitimação do relacionamento homoafetivo.

verao_de_85_alexis_david
David e Alexis são interpretados pelos atores Benjamin Voisin e Félix Lefbreve – Imagem/California Filmes

Por conseguinte, o diretor, pontualmente, também retira o véu fantasioso do romantismo quando ressalta as diferentes necessidades dos enamorados. Além da direção, o cineasta assina o roteiro, este adaptado do livro Dance on my grave, traduzido para o português, Dance no meu túmulo.

Em suma, a ideia do amor inalcançável, acompanhada pela arrebatadora canção Sailing, utilizada de modo inteligente, uma boa pitada de poesia e voi-lá! François Ozon brinda o espectador com momentos emocionantes. Verão de 85 retrata o caos de uma trágica paixão juvenil mas, ainda assim, funciona como um acalento para o coração. Recomendo!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *